Clubes que Viraram de Empresários e Deram Certo: Casos de Sucesso no Futebol

Ao longo da história do futebol, muitos clubes passaram por fases de decadência financeira, má gestão administrativa ou mesmo estagnação esportiva. No entanto, algumas dessas equipes encontraram um novo rumo ao abrirem espaço para a atuação de empresários e grupos privados. Com gestão profissionalizada, visão de mercado e investimento estratégico, alguns clubes conseguiram dar uma verdadeira guinada em sua trajetória. Neste artigo, vamos relembrar clubes que viraram de empresários e deram certo, tornando-se referências nacionais e internacionais no esporte. 

1. Red Bull Bragantino: A Revolução de um Clube do Interior

Talvez o exemplo mais marcante no futebol brasileiro contemporâneo seja o do Red Bull Bragantino. Tradicional clube do interior de São Paulo, o Bragantino viveu seu auge no início dos anos 90, quando chegou à final do Campeonato Brasileiro de 1991. Depois disso, os anos seguintes foram marcados por altos e baixos, com rebaixamentos e dificuldades financeiras.

A virada aconteceu em 2019, quando a multinacional austríaca Red Bull assumiu oficialmente o controle do clube. O processo começou de forma discreta em parceria com o Red Bull Brasil, time que já disputava divisões menores do Campeonato Paulista. Com o tempo, houve a fusão entre as duas entidades e o rebatismo oficial para Red Bull Bragantino.

A nova administração trouxe uma proposta clara: formar um time jovem, com alto potencial de revenda, e com foco em desempenho esportivo e financeiro. O investimento em infraestrutura foi notável: modernização do estádio Nabi Abi Chedid, centro de treinamento de ponta, equipe de análise de desempenho e contratações estratégicas. Em pouco tempo, o clube foi campeão da Série B (2019), firmou-se na Série A e disputou a final da Copa Sul-Americana de 2021.

Mais do que um clube reformulado, o Red Bull Bragantino representa o modelo de empresa no futebol, com foco em resultado a médio e longo prazo. E mais: sem depender de ídolos momentâneos ou soluções mágicas, mas com gestão, planejamento e profissionalismo.

2. Hoffenheim e RB Leipzig: A Gestão Alemã como Modelo de Sucesso

Na Europa, dois exemplos alemães merecem destaque: Hoffenheim e RB Leipzig, ambos casos de clubes que se transformaram radicalmente sob comando empresarial.

O Hoffenheim, pequeno clube da região de Baden-Württemberg, foi impulsionado por Dietmar Hopp, cofundador da gigante SAP. Ex-jogador das categorias de base do clube, Hopp investiu milhões de euros para transformar a infraestrutura, construir estádio e montar um time competitivo. Resultado: o clube saiu da terceira divisão para a Bundesliga em menos de uma década, tornando-se competitivo inclusive em torneios europeus.

Já o RB Leipzig seguiu uma trajetória parecida com a do Bragantino: comprado e reformulado pela Red Bull em 2009, começou da quinta divisão e foi subindo ano a ano até chegar à elite. Com uma estrutura moderna, foco em atletas jovens e mentalidade empresarial, o clube já alcançou posições de destaque na Bundesliga e chegou à semifinal da Champions League em 2020.

Ambos os casos mostram como o investimento privado pode trazer estabilidade e crescimento esportivo sustentável, desde que aliado a uma gestão profissional e transparente.

 

3. Manchester City: De Clube Tradicional a Potência Global

O Manchester City sempre foi um clube tradicional da Inglaterra, mas passou décadas à sombra dos grandes como Manchester United, Liverpool e Arsenal. Tudo mudou em 2008, quando o clube foi adquirido pelo Abu Dhabi United Group, liderado pelo Sheikh Mansour bin Zayed Al Nahyan.

Com uma gestão agressiva, mas planejada, o clube passou a investir pesado em infraestrutura, categorias de base e no elenco principal. A contratação de Pep Guardiola e um elenco estrelado foram marcos da nova era. A partir de 2011, o City passou a colecionar títulos: diversas Premier Leagues, Copas nacionais e, finalmente, a conquista da Champions League em 2023.

Mas não foi apenas no campo que o Manchester City evoluiu. O clube tornou-se uma marca global, com torcedores em todos os continentes, receitas bilionárias e até mesmo o City Football Group, conglomerado que controla outros clubes ao redor do mundo, como o Girona (Espanha), Melbourne City (Austrália) e New York City FC (EUA).

Esse exemplo mostra que o investimento empresarial pode, sim, alavancar clubes ao mais alto nível mundial, desde que respeite as particularidades do futebol e invista em longo prazo.

4. Athletico Paranaense: Uma Gestão Nacional de Referência

Diferente dos outros exemplos, o Athletico Paranaense não pertence a um empresário ou grupo internacional, mas representa um modelo de gestão empresarial independente. Sob o comando do presidente Mario Celso Petraglia por vários mandatos, o clube transformou-se radicalmente a partir dos anos 2000.

O Athletico investiu pesadamente em infraestrutura: Arena da Baixada, um dos estádios mais modernos do Brasil, e um dos melhores centros de treinamento do país. Também apostou em categorias de base e na revelação de talentos como Renan Lodi, Bruno Guimarães e Vitor Roque, sempre com foco na valorização e venda estratégica.

Além disso, o clube passou a atuar com independência financeira, recusando contratos que não considerava vantajosos, mesmo de emissoras de TV, e apostou em acordos próprios de transmissão e patrocínio. Os resultados vieram com títulos como a Copa Sul-Americana de 2018 e 2021, além de finais de Copa do Brasil e boas campanhas no Brasileirão.

O Athletico é prova de que é possível profissionalizar a gestão sem necessariamente entregar o controle a um empresário externo. Com visão moderna e responsabilidade administrativa, o clube firmou-se entre os maiores do país.


Conclusão: O Futuro do Futebol Passa Pela Gestão Profissional

Os casos apresentados mostram que a entrada de empresários no futebol, quando feita com responsabilidade, pode transformar a história de um clube. Seja através de grandes conglomerados internacionais ou de dirigentes com mentalidade empresarial, o que importa é a profissionalização da gestão, o investimento em estrutura e a valorização do planejamento a longo prazo.

Mais do que nunca, os clubes precisam se comportar como empresas: com metas claras, transparência, inovação e foco no desenvolvimento humano e esportivo. O futebol do futuro será cada vez mais competitivo — e quem não acompanhar essa evolução corre o risco de ficar para trás.